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Mostrando postagens de maio, 2024
  PEÇA EM UM ATO O desespero de Viviana em pratos Ou O desespero de uma marionete Ou   As mentiras que Samara Paixão comprou   Personagens:  Condutora do encontro.  Viviana.   Marido.  Esposa "feliz".  Coro. Ato 1 Cena 1 Cenário: uma garagem bem grande, de uma residência, decorada com artigos das religiões budistas e hindu.   Sentados em tamboretes, na parte mais funda da garagem, os membros da banda de reggae tocam a música “Árvore”, sendo acompanhados por duas dúzias de pessoas que há ali. Algumas dançam, outras mechem-se suavemente.   Entra a condutora do encontro cantarolando o refrão de “Árvore”.     CONDUTORA DO ENCONTRO: “vem me regar mãe, vem me regar...” Que delicia de música, hein, gente bonita!? E fica ainda melhor com essa banda de primeira linha! A primeira vez que ouvi “Árvore” era uma menininha, foi na escola, e criou em mim uma memória afetiva ma-ra-vi-lho-sa! A diferença que faz bons pr...
   A aliança no dedo é a prova da respeitabilidade da mulher                                                                  Dedicado a Nelson Rodrigues e aquelas que nunca passam.   Essa respeitável moça, de uma respeitável família fez se ouvir pela primeira vez em 31 de março de 1984, por meio de um forte e categórico choro capaz de abrir seu pulmão e de mais 5 crianças que nasciam naquele hospital. Essa respeitável moça, de uma respeitável família foi criada a base de banana amassada e leite em pó. Cheia de laços na cabeça e inteligência nenhuma no cérebro. Essa respeitável moça, de uma respeitável família teve uma criação arrogante outorgada por seus pais o que a fez ter um senso desmedido de si mesma, atribuído-se um valor maior do que o ...
  Aquele que não existe "Em algum ponto fixo no tempo e no espaço, ele sente que não precisa desperdiçar o esforço de um olhar. Não a vê, porque, para ele, não há nada a ver."  (Toni Morrison - O olho mais azul) "Era, pois, um caminho que não lhe interessava, porque só podia conduzir ao passado." (Gabriel Garcia Marquez - Cem anos de solidão)   Postergara o desejo de cursar administração por uma década, mais da metade dela podia atribuir ao intenso envolvimento que teve com o ex-namorado. Findo o relacionamento, seus pedaços postos de volta no lugar, porque não dar uma chance a esse sonho? Só não ganha na loteria quem não compra seus bilhetes, certo? Então, ali estava, e com mais uma aula assistida, hora de guardar os materiais na mochila e retornar ao lar, ao doce lar.  Por distração não atravessara na primeira faixa, teria que andar um pouco mais para chegar ao semáforo, mas sempre olhando em retrospecto. Afinal, nem sempre olhar para trás significa virar um...
            Audiência  Toim, toim, toim, toim, foi o som do scarpin ouvido pelo tribunal, às 8h59, pois às 9h começaria a audiência. Sobre eles via-se uma mulher jovem, com cerca de 30 anos de idade, alta, de porte atlético, a quem o queixo levemente levantado e um tubinho preto dava certa aura de imponência. Os cabelos longos e ondulados ajudavam a sensualizar e suavizar a seriedade que emanava de seu ser. Ao vê-la, a juíza não soube dizer se se tratava de seu natural, ou um preparo especifico pra ocasião. Se havia ali a intenção de mostrar-se bem, por cima, bela, sedutora, confiante. Já visualizará isso muitas vezes, e surpreendera-se ao não saber dizer se se tratava de uma coisa ou de outra. Há pessoas em que a imponência é natural, pois esse é seu temperamento, seu traço de caráter, seu signo principal e o que compõe todas as demais casas do seu mapa astral. A audiência começara e encaminhava-se ao tão rapidamente que mais parecia um piscar d...
  Dez balões amarelos ou uma criança de 22 anos de idade   Já um pouco cansada a professora enche dez balões amarelos. Pede as crianças, todas com cinco anos de idade, que façam uma fila para recebe-los. Assim ordenados os leva a uma área externa a sala de aula, mas ainda nas dependências da escola. Senta-se em um banquinho e fica os observando jogar os balões pra cima. Pra cima. Pra cima. Pega do chão. Pra cima. Direita. Pega do chão. Pra cima. Esquerda. E em cima, chão, direita, esquerda. O que até então lembrava uma dança passa em questão de milésimo de segundo a luta de boxe, já que duas meninas começam a brigar pelo mesmo balão. Uma delas simplesmente não sabe onde o seu foi parar, e está segura que o balão em questão é o seu. “Se não fosse, não se importaria que, ainda que injustamente, viesse a ser”, pensa com censura a professora. “Ah, não pensam assim muitos adultos? O importante é vencer. Vencer sempre. E que eu seja o vencedor. O que importa a moralidade dos...